Nas postagens sobre a historia do samba que me dispus a deixar no blog, escolhi os textos da Nancy Alves, que não citou o jongo. Encontrei este texto bem formatado no wikipedia e repasso para ficar mais contextualizado o trem: A influência e contribuição do jongoJongo é uma manifestação cultural essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do Samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo.
Inserindo-se no âmbito das chamadas '
danças de umbigada' (sendo portanto aparentada com o '
Semba' ou '
Masemba' de
Angola), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros
bantu, seqüestrados nos antigos reinos de
Ndongo e do
Kongo, na região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.
Composto por música e dança características, animadas por poetas que se desafiam por meio da improvisação, ali, no momento, com
cantigas ou
pontos enigmáticos ('amarrados') , o Jongo tem, provavelmente, como uma de suas origens mais remotas (pelo menos no que diz respeito á estrutura dos pontos cantados) o tradicional jogo de
adivinhas angolano, denominado Jinongonongo. Uma característica essencial da linguagem do Jongo é a utilização de símbolos que, além de manter o sentido cifrado, possuem função supostamente mágica, provocando, supostamente, fenômenos
paranormais. Dentre os mais evidentes pode-se citar o fogo, com o qual são afinados os instrumentos; os tambores, que são consagrados e considerados como ancestrais da comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro, que remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido é inacessível para os não-iniciados.
Hoje em dia podem participar do Jongo homens e mulheres, mas esta participação, em sua forma original era rigorosamente restrita aos iniciados ou mais experientes da comunidade. Este fator relaciona-se a normas éticas e sociais bastante comuns em diversas outras sociedades tradicionais - como as indígenas americanas - baseadas no respeito e obediência a um conselho de indivíduos 'mais velhos' e no '
culto aos ancestrais'.
Pesquisas históricas indicam que o Jongo possui, na sua origem, relações com o hábito recorrente das culturas africanas de expressão bantu, durante o período colonial, de criar diversas comunidades, semelhantes a
sociedades secretas e
seitas político-religiosas especializadas, dentre as quais podemos citar até mesmo irmandades católicas, como a Congada. Estas fraternidades tiveram importante papel na resistência à escravidão, como modo de comunicação e organização, e até mesmo comprando e alforriando escravos.
Dançado e cantado outrora com o acompanhamento de
urucungo (
arco musical bantu, que originou o atual
berimbau),
viola e
pandeiro, além de três tambores consagrados, utilizados até os nossos dias, chamados de Tambu ou '
Caxambu', o maior - que dá nome a manifestação em algumas regiões - '
Candongueiro', o menor e o tambor de fricção '
Ngoma-puíta' (uma espécie de
cuíca muito grande), o Jongo é ainda hoje bastante praticado em diversas cidades de sua região original: o
Vale do Paraíba na
Região Sudeste do Brasil, ao sul do estado do
Rio de Janeiro e ao norte do estado de
São Paulo. Entre as diversas comunidades que mantêm (ou, até recentemente, mantiveram) a prática desta manifestação, pode-se citar, como exemplo, as localizadas na periferia das cidades de
Valença,
Vassouras ,
Paraíba do Sul e
Barra do Piraí (Rio de Janeiro) além de
Guaratinguetá e
Lagoinha (São Paulo), com reflexos na região dos rios
Tietê,
Pirapora e
Piracicaba, também em
São Paulo (onde ocorre uma manifestação muito semelhante ao Jongo conhecida pelo nome de '
Batuque') e até em certas localidades no sul de
Minas Gerais.
Na cidade do Rio de Janeiro, a região compreendida pelos bairros de
Madureira e
Oswaldo Cruz, já nos anos imediatamente posteriores à
abolição da escravatura, centralizou durante muito tempo a prática desta manifestação na zona rural da antiga
Corte Imperial, atraindo um grande número de migrantes ex-escravos, oriundos das fazendas de café do
Vale do Paraíba. Entre os precursores da implantação do Jongo nesta área se destacaram a ex-escrava
Maria Teresa dos Santos muitos de seus parentes ou aparentados além de diversos vizinhos da comunidade, entre os quais
Mano Elói (Eloy Anthero Dias),
Sebastião Mulequinho e
Tia Eulália, todos eles intimamente ligados a fundação da
Escola de Samba Império Serrano, sediada no
Morro da Serrinha.
A partir de meados da década 70, no mesmo Morro da Serrinha, o músico
percussionista Darcy Monteiro 'do Império' (mais tarde conhecido como
Mestre Darcy), a partir dos conhecimentos assimilados com sua mãe, a rezadeira
Maria Joana Monteiro (discípula de Vó Teresa), passando a se dedicar á difusão e a recriação da dança em palcos, centros culturais e universidades, estimulando por meio de
oficinas e
workshops, a formação de grupos de admiradores do Jongo que, embora praticando apenas aqueles aspectos mais superficiais da dança, deslocando-a de seu âmbito social e seu contexto tradicional original, dão hoje a ela alguma projeção nacional.
Ainda no âmbito da cidade do Rio de Janeiro, é digno de nota também o '
Caxambu do Salgueiro', grupo de Jongo tradicional que, comandado por Mestre Geraldo, animou, pelo menos até o início da década de 1980, o
Morro do Salgueiro, no bairro da
Tijuca e era composto por figuras históricas daquela comunidade, entre as quais Tia Neném e Tia Zezé, famosas integrantes da ala das baianas da
Escola de Samba G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro.Jongo é uma manifestação cultural essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do Samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo.
Inserindo-se no âmbito das chamadas '
danças de umbigada' (sendo portanto aparentada com o '
Semba' ou '
Masemba' de
Angola), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros
bantu, seqüestrados nos antigos reinos de
Ndongo e do
Kongo, na região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.
Composto por música e dança características, animadas por poetas que se desafiam por meio da improvisação, ali, no momento, com
cantigas ou
pontos enigmáticos ('amarrados') , o Jongo tem, provavelmente, como uma de suas origens mais remotas (pelo menos no que diz respeito á estrutura dos pontos cantados) o tradicional jogo de
adivinhas angolano, denominado Jinongonongo. Uma característica essencial da linguagem do Jongo é a utilização de símbolos que, além de manter o sentido cifrado, possuem função supostamente mágica, provocando, supostamente, fenômenos
paranormais. Dentre os mais evidentes pode-se citar o fogo, com o qual são afinados os instrumentos; os tambores, que são consagrados e considerados como ancestrais da comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro, que remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido é inacessível para os não-iniciados.
Hoje em dia podem participar do Jongo homens e mulheres, mas esta participação, em sua forma original era rigorosamente restrita aos iniciados ou mais experientes da comunidade. Este fator relaciona-se a normas éticas e sociais bastante comuns em diversas outras sociedades tradicionais - como as indígenas americanas - baseadas no respeito e obediência a um conselho de indivíduos 'mais velhos' e no '
culto aos ancestrais'.
Pesquisas históricas indicam que o Jongo possui, na sua origem, relações com o hábito recorrente das culturas africanas de expressão bantu, durante o período colonial, de criar diversas comunidades, semelhantes a
sociedades secretas e
seitas político-religiosas especializadas, dentre as quais podemos citar até mesmo irmandades católicas, como a Congada. Estas fraternidades tiveram importante papel na resistência à escravidão, como modo de comunicação e organização, e até mesmo comprando e alforriando escravos.
Dançado e cantado outrora com o acompanhamento de
urucungo (
arco musical bantu, que originou o atual
berimbau),
viola e
pandeiro, além de três tambores consagrados, utilizados até os nossos dias, chamados de Tambu ou '
Caxambu', o maior - que dá nome a manifestação em algumas regiões - '
Candongueiro', o menor e o tambor de fricção '
Ngoma-puíta' (uma espécie de
cuíca muito grande), o Jongo é ainda hoje bastante praticado em diversas cidades de sua região original: o
Vale do Paraíba na
Região Sudeste do Brasil, ao sul do estado do
Rio de Janeiro e ao norte do estado de
São Paulo. Entre as diversas comunidades que mantêm (ou, até recentemente, mantiveram) a prática desta manifestação, pode-se citar, como exemplo, as localizadas na periferia das cidades de
Valença,
Vassouras ,
Paraíba do Sul e
Barra do Piraí (Rio de Janeiro) além de
Guaratinguetá e
Lagoinha (São Paulo), com reflexos na região dos rios
Tietê,
Pirapora e
Piracicaba, também em
São Paulo (onde ocorre uma manifestação muito semelhante ao Jongo conhecida pelo nome de '
Batuque') e até em certas localidades no sul de
Minas Gerais.
Na cidade do Rio de Janeiro, a região compreendida pelos bairros de
Madureira e
Oswaldo Cruz, já nos anos imediatamente posteriores à
abolição da escravatura, centralizou durante muito tempo a prática desta manifestação na zona rural da antiga
Corte Imperial, atraindo um grande número de migrantes ex-escravos, oriundos das fazendas de café do
Vale do Paraíba. Entre os precursores da implantação do Jongo nesta área se destacaram a ex-escrava
Maria Teresa dos Santos muitos de seus parentes ou aparentados além de diversos vizinhos da comunidade, entre os quais
Mano Elói (Eloy Anthero Dias),
Sebastião Mulequinho e
Tia Eulália, todos eles intimamente ligados a fundação da
Escola de Samba Império Serrano, sediada no
Morro da Serrinha.
A partir de meados da década 70, no mesmo Morro da Serrinha, o músico
percussionista Darcy Monteiro 'do Império' (mais tarde conhecido como
Mestre Darcy), a partir dos conhecimentos assimilados com sua mãe, a rezadeira
Maria Joana Monteiro (discípula de Vó Teresa), passando a se dedicar á difusão e a recriação da dança em palcos, centros culturais e universidades, estimulando por meio de
oficinas e
workshops, a formação de grupos de admiradores do Jongo que, embora praticando apenas aqueles aspectos mais superficiais da dança, deslocando-a de seu âmbito social e seu contexto tradicional original, dão hoje a ela alguma projeção nacional.
Ainda no âmbito da cidade do Rio de Janeiro, é digno de nota também o '
Caxambu do Salgueiro', grupo de Jongo tradicional que, comandado por Mestre Geraldo, animou, pelo menos até o início da década de 1980, o
Morro do Salgueiro, no bairro da
Tijuca e era composto por figuras históricas daquela comunidade, entre as quais Tia Neném e Tia Zezé, famosas integrantes da ala das baianas da
Escola de Samba G.R.E.S Acadêmicos do Salgueiro.
fonte: Wikipedia > jongo